Os Filmes Mais Longos da História do Cinema (E Por Que Eles Existem)

Enquanto blockbusters como os da Marvel Studios geralmente limitam sua duração a cerca de 2 horas — o famoso “tempo ideal” para prender a atenção do público — algumas obras cinematográficas seguem um caminho totalmente oposto. São produções que não só desafiam a paciência do espectador, mas redefinem o próprio conceito de “assistir a um filme”.

Prepare-se para conhecer os filmes mais longos da história do cinema e entender o porquê dessas obras tão inusitadas (e muitas vezes impossíveis de assistir por completo).

Top 5 Filmes Mais Longos de Todos os Tempos

1. Logistics (2012 – Suécia)

Duração: 857 horas (35 dias e 17 horas)
Sobre o que é:
O documentário acompanha, em tempo real, o percurso de um pedômetro sendo fabricado na China e transportado até uma loja na Suécia, indo de trás para frente — do ponto de venda até a origem.

Por que foi feito:
Trata-se de uma obra de arte conceitual criada pelas artistas Erika Magnusson e Daniel Andersson. O objetivo não é que alguém assista ao filme completo, mas sim provocar reflexões sobre o consumo, globalização e o invisível caminho dos produtos até nossas mãos.

Curiosidade bizarra:
Foi exibido apenas uma vez, em um museu na Suécia, como instalação artística.

2. Modern Times Forever (2011 – Finlândia/Dinamarca)

Duração: 240 horas (10 dias)
Sobre o que é:
Este filme mostra a fachada da sede da Stora Enso (empresa de papel e celulose) em Helsinki se deteriorando lentamente… ao longo de 10 dias em tempo real.

Motivação:
Criado pelo coletivo Superflex, o filme é uma crítica ao conceito de permanência e um lembrete de que até as construções mais sólidas e simbólicas desaparecerão com o tempo.

Onde foi exibido:
Foi projetado na fachada do próprio prédio retratado no filme — ou seja, ele se “auto exibiu”.

3. Cinématon (1982 – França)

Duração: 150 horas (mais de 6 dias)
Sobre o que é:
Uma série de curtas-metragens de 3 minutos cada, somando mais de 3.000 retratos silenciosos de artistas, cineastas, músicos, escritores e personalidades diversas, como Jean-Luc Godard e Terry Gilliam.

Criador:
Gérard Courant, cineasta experimental francês.

Por que tão longo:
O projeto é um experimento documental sobre expressão e presença diante da câmera, sem roteiro ou falas. Uma espécie de “Instagram analógico” das décadas de 70 e 80.

4. Out 1 (1971 – França)

Duração: 12 horas e 40 minutos
Sobre o que é:
Dirigido por Jacques Rivette, este épico cult francês acompanha duas companhias de teatro experimentais e seus dramas interligados. A trama é complexa, cheia de improvisações e referências literárias (Balzac e Lewis Carroll).

Por que é importante:
Apesar de sua raridade nas telas, é considerado um marco do cinema de vanguarda europeu. Foi exibido poucas vezes ao longo das décadas, sempre em sessões maratonas.

5. Guerra e Paz (1967 – União Soviética)

Duração: 7 horas e 3 minutos
Sobre o que é:
Uma adaptação monumental da obra de Liev Tolstói, dividida em quatro partes. Dirigido por Sergei Bondarchuk, é uma das produções mais ambiciosas da história do cinema soviético.

Orçamento:
O equivalente a mais de 700 milhões de dólares em valores atuais. Incluiu batalhas com milhares de figurantes reais e filmagens em locações históricas autênticas.

Prêmios:
Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1969.

Por que existem?

A criação de filmes tão longos pode parecer absurda à primeira vista, mas existe uma razão artística por trás:

• Arte conceitual e provocativa: Obras como Logistics e Modern Times Forever não foram feitas para serem assistidas do início ao fim. Elas existem como instalações, críticas ao consumo, ao tempo e à efemeridade.
• Experimentação narrativa: Filmes como Out 1 e Cinématon exploram formas diferentes de contar histórias — seja pela improvisação ou pelo silêncio.
• Reverência ao épico: Já Guerra e Paz busca capturar a magnitude da obra original de Tolstói. Nesse caso, a longa duração serve para respeitar a densidade da narrativa literária.

Filmes assim fogem completamente do padrão comercial do entretenimento. Eles não existem para serem “populares” ou agradar ao público médio — são declarações artísticas, experiências únicas e, muitas vezes, provocativas.

Se você achava que O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei era longo com suas 4 horas, pense novamente. O cinema vai muito além da pipoca e do sofá, e essas obras são a prova viva disso.

Conte-me vc toparia assistir algum desses filmes? Eu não a menos que pagam pra isso.